A inspiração é algo que vem do acolá, para nos socorrer nos desafios do aqui. Provavelmente, essas duas palavras não façam muito sentido para você, assim soltas, na série de desejos. Vamos ao que significam. Entenda por acolá algo metafísico e subjetivo enquanto o aqui é algo mais físico e objetivo. O aqui é transitório, o acolá é transcendente. Diante disso, como absorver e vivenciar essas concepções virtuosas para acessar e inspirar a essência das pessoas?
Se ficarmos somente no discurso ou na conversa abstrata, não seremos bem-sucedidos em um anseio tão fundamental. É preciso aterrissar, fincando os pés no aqui, para fazer o movimento com gestos concretos.
O filósofo Emerson dizia “o que você faz fala tão alto que não consigo ouvir o que você diz”. Assim, ele nos mostra a importância dos gestos legítimos e tangíveis como fonte de inspiração. O discurso e as palavras soltas no ar não são capazes de inspirar. Duvida? Lembre-se dos tantos sermões e aulas inúteis já vivenciadas, sem que nos levassem a dar um único passo para incorporá-los aos nossos aprendizados e hábitos de vida.
Inspirar a essência das pessoas é tocá-las no que elas têm de mais verdadeiro, sublime, nobre. Para isso, precisamos nos valer, com legitimidade, do que temos de mais verdadeiro, sublime e nobre. De fato, ninguém ensina ninguém, apenas aprendemos ao sermos inspirados. Quando a nossa essência se conecta com a essência do outro é que a inspiração acontece.
Ao vivenciarmos a nossa essência, somos o que existe em nós de mais simples e sincero, de mais autêntico e natural, de mais límpido e luminoso. Temos apenas de ser, sem fazer nenhum esforço. A essência das outras pessoas saberá corresponder ao nosso movimento, em um acordo tácito, como se todos já nos conhecêssemos de longa data. Há amor e cumplicidade entre as essências.
É o entrelace, no aqui, do que antes já estava entrelaçado no acolá. União perfeita e imprescindível.
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Textos: Roberto Tranjan