Há quem queira morar no edifício, sem pagar o condomínio. Há quem queira viver em sociedade, mas se recuse a atuar politicamente, abdicando de aprender cidadania. Há quem aproveite os semáforos verdes, embora se negue a obedecer aos vermelhos. Há quem viva os direitos, no entanto não se digne a cumprir os deveres. Há quem queira viver no planeta, sempre no papel de credor, jamais de devedor.
“Mais para mim” parece ser o mantra de muitos viventes, como se tudo e todos estivessem à sua disposição. Querem o uso e o usufruto, sem a valiosa contrapartida da dádiva e da entrega. Como fantasmas famintos, colocam o individual acima do coletivo, ao qual dão de ombros.
A questão é que o mundo é um construto de coletividade: um grupo de indivíduos com interesses comuns. Por isso, em tese, existem as leis: para assegurar que os interesses coletivos não se submetam aos individuais.
A direção invertida é comum nas tiranias e ditaduras históricas. Nas democracias não consolidadas, os interesses de alguns também prevalecem sobre os da maioria. É a nefasta primazia da injustiça.
Quando a lei não é justa ou vira letra morta, o medo toma conta. Intimidadas, as pessoas se separam. É o império do cada um por si, na famigerada luta pela sobrevivência. Separados, os seres humanos deixam de ser sujeitos, tornando-se objetos de manobra. O sujeito, sem perder a individualidade, é sempre parte do coletivo. Mantenha essa questão em mente. Para o bem comum.
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Textos: Roberto Tranjan